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Foto do escritorArmando Alves Filho

"A música e o tempo no Grão-Pará: nota de esclarecimento




NOTA DE ESCLARECIMENTO

 

Marena Isdebski Salles, detentora do espólio literário de seu esposo Vicente Salles e organizadora da coleção A Música e o Tempo no Grão-Pará, de autoria dele, vem esclarecer e considerar que, na 1ª edição do 2º volume da referida Coleção, A Belle Époque, trechos de 3 (três) capítulos da dissertação de mestrado intitulada Meneleu Campos e a música vocal no ocaso da belle époque paraense, de autoria de João Augusto de Lima O’ de Almeida (defendida no Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ, em novembro de 2007), foram inseridos, equivocadamente, sem a autorização do autor da dissertação e sem a devida atribuição de crédito, na edição em questão, lançada em dezembro de 2023, pelo selo da Editora Paka-Tatu, prestadora dos serviços de preparação da Coleção.

O equívoco foi verificado pelo autor da dissertação, ao comparar o livro com a versão final de seu texto entregue, em 2007, ao Programa de Pós-Graduação da Escola de Música da UFRJ (depositada na Biblioteca Alberto Nepomuceno, daquela instituição). Observa-se que se trata, nos trechos que passamos a relacionar, da reprodução quase total do texto da referida dissertação, conforme mapeamento feito pelo autor desta e conferido por mim e por minha equipe.

Para melhor compreensão, identifica-se, neste texto, como livro o 2º volume da Coleção A Música e o Tempo no Grão-Pará – A Belle Époque, e como dissertação a pesquisa intitulada Meneleu Campos e a música vocal no ocaso da belle époque paraense. Dito isso, passo ao detalhamento:

  O capítulo 4 da dissertação (“Ópera em 1900: a tradição do novo”, páginas 38 a 44) foi inserido como capítulo 7 da 3ª parte do livro (da p.514 até o 1º parágrafo da p.521);

O capítulo 5 da dissertação (“Entrando na arena”, pp.45-56), teve o título suprimido, com o texto incorporado ao capítulo 7 da 3ª parte do livro (da p.521 até o 3º parágrafo da p.528);

O subcapítulo 5.1 da dissertação (“Esforço concentrado”, pp.58-62) aparece como capítulo 7 da 4ª parte do livro (pp.589-596); O capítulo 6 da dissertação (“Novas batalhas”, pp.63-70) foi inserido como 8 da 4ª parte do livro (da p.596 até o 3º parágrafo da p.604).

Fora essas indicações levantadas pelo autor da dissertação, não houve mais a identificação de nenhuma passagem de sua autoria.

Diante do exposto, fica definido que, no caso de novas edições do 2º volume da Coleção A Música e o Tempo de Grão-Pará, onde consta, de forma parcial, o trabalho acadêmico de João Augusto de Lima O’ de Almeida, tais partes serão excluídas, por se tratar de textos individuais, sem nenhuma coautoria.

Essa ocorrência é lamentável, inédita para mim, não sendo fruto de má fé, e isso eu posso afirmar categoricamente, pois fui eu quem manuseou os originais localizados do acervo de Vicente Salles, nos quais não havia, não se sabe o porquê, referência alguma à autoria dos fragmentos da dissertação que estavam incorporados ao que viria a ser a versão final do livro.

Um dado importante a demarcar é que João Augusto de Lima O’ de Almeida é citado no livro, nas páginas 434, 435 e 637 (Bibliografia), na primeira sobre sua performance como tenor e, nas demais, justamente com seu trabalho de pesquisa de que a presente nota é objeto.

É importante também salientar que A Música e o Tempo no Grão-Pará – A Belle Époque estava bem adiantado para uma versão final, mas, lamentavelmente, Vicente Salles faleceu antes de concluir essa etapa das mais relevantes no processo de construção de um livro. Portanto, o texto da versão final foi estabelecido por mim e minha assessoria, a partir do que foi deixado por Vicente. Um aspecto que não nos permitiu desconfiar da presença de um texto de autoria alheia no livro foi o fato de que a Coleção A Música e o Tempo no Grão-Pará foi desenvolvida durante toda a vida de Vicente Salles, e a mudança de estilos é algo observável nesse tipo de caso, pois o texto foi produzido, em sua totalidade, em períodos diversos, recortando mais meio século,  não se confundindo, em hipótese nenhuma, com a pesquisa desenvolvida por João Augusto O’ de Almeida para o seu trabalho de dissertação de mestrado defendido há dezessete anos.

Considero relevante destacar ainda que este documento, embora assinado por mim, foi produzido com o acompanhamento e o assentimento de João Augusto O’ de Almeida e seus representantes.

Nada mais tendo a declarar a respeito desta lamentável situação, assevero a seriedade com que lidamos com ela, no sentido de vir a público para que não sejam levantadas especulações acerca da autoria do texto reproduzido e aqui relacionado sem o devido crédito ao autor, bem como para resguardar a memória de Vicente Salles, cujo procedimento sempre se pautou pela seriedade e pela ética quanto à atribuição de créditos das suas fontes, sendo o episódio aqui relatado, reitero, fruto de lamentável equívoco, seguido da justa reparação pública do inegável prejuízo causado ao autor da dissertação.

Rio de Janeiro, 19 março de 2024.

Marena Isdebski Salles

 

 

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