Um episódio inconveniente, uma cicatriz que não desaparece
Certos episódios são facilmente esquecidos no Brasil. Ganham algum tempo nos telejornais e algum espaço nas páginas dos jornais diários e revistas, para depois desaparecerem por longos anos (ou para sempre). Isso não acontece porque as pessoas têm memória fraca, mas por uma série de razões. Certas verdades são inconvenientes para os poderosos, para as oligarquias Disso decorre, por exemplo, que os meios de comunicação que lhes são próximos (do ponto de vista político e ideológico) retirem de pauta esses casos. Por outro lado, por determinações estruturais e políticas que não se devem ao acaso, a rede escolar e as universidades nem sempre incorporam às disciplinas alguns temas fundamentais da história do Brasil e da realidade contemporânea, o que facilita tal esquecimento.
Não custa lembrar que, no Brasil, a grande maioria dos alunos do ensino médio conclui essa etapa sem saber ao certo o que foi a Ditadura Militar (1964-1985) e provavelmente sem ter ouvido mais do que rápidas referências, quando muito, a movimentos como a Guerra do Contestado (1912-1916), a Revolta da Chibata (1910) ou a Cabanagem, iniciada em 1835.
Esta inquietação de Paulo Roberto o empurra para novos focos da sua sensibilidade de repórter e o coloca ao lado de outros pesquisadores do Brasil contemporâneo: jornalistas como ele ou historiadores, sociólogos, antropólogos, ambientalistas, homens mulheres que remam contra a poderosa corrente do esquecimento deliberado.
Devemos muito a todos e todas.
Lançamento do livro “ENCURRALADOS NA PONTE: O MASSACRE DOS GARIMPEIROS DE SEERA PELADA
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