Carimbó - trabalho e lazer do caboclo, de Vicente Salles e Marena Salles
O presente ensaio, assinado por mim e por meu querido e saudoso esposo Vicente Salles, foi originalmente publicado na Revista Brasileira de Folclore, Rio de Janeiro, em 1969, e corresponde a observações que Vicente vinha acumulando há tempos e, sobretudo, às experiências vivenciadas por nós em pesquisa de campo desenvolvida em 1968, na Vigia.
Fazia muito tempo que eu não me lembrava desse trabalho, mas o reencontrei em mais uma de minhas já habituais garimpagens no acervo de Vicente, o que despertou em mim uma saudade imensa, pois aquela foi a primeira vez que participei de uma pesquisa de campo e também foi a primeira viagem que Vicente e eu fizemos juntos ao Pará, casados desde 1965.
Depois desse impacto inicial, comentei com Paulo Maués Corrêa a respeito do trabalho, e ele me fez ver a relevância desse breve ensaio, pois trata do carimbó num momento em que essa manifestação cultural ainda não havia sido descoberta por grande parte do público em geral e por pesquisadores, em particular. Eu me lembro perfeitamente que, na época da pesquisa, Vicente comentou que o carimbó iria “explodir” uns dois anos depois. De fato, foi o que aconteceu, pois a partir dos anos de 1970 o carimbó passou a ser apreciado em um círculo maior que o das comunidades tradicionais em que ele era praticado anteriormente.
Para esta edição, na condição de coautora, tomei a liberdade de inserir notas de rodapé a fim de melhor informar o leitor a respeito de temas que considero importantes. Para tanto, tomei, invariavelmente, citações do próprio Vicente Salles, contidas em seus outros trabalhos, assim como outras informações resultantes de pesquisas minhas.
Convido a todos para nos acompanharem nesta viagem no tempo e reconhecer que o carimbó possui muita história e que o fato de ser considerado patrimônio cultural imaterial do Brasil não é gratuito.
Marena Salles - coautora