O Centauro e as Amazonas

De Fernando Canto
 
Este livro contém uma série de textos ficcionais, advindos da condição imaginária da vivência amazônica e de suas irrealidades e seus paradoxos; uma categoria literária que muitos teóricos denominam de literatura fantástica, mito, fantasia, realidade mágica ou tudo aquilo que faz parte de uma inigualável tradição latino-americana que se renova continuamente.
 
Há tempos, Fernando Canto, o autor de O Bálsamo, conto vencedor do Primeiro Concurso de Contos das Universidades do Norte, vem experimentando e trabalhando essa categoria com estilo peculiar que chama de “(i)realidades amazônicas”, produtos imaginários, segundo ele, tão presentes e normais na nossa vida cotidiana, que se materializam por expressões semânticas tais como metáforas, hipérboles, metonímias, eufemismos, ironias e outras figuras de linguagem que nem percebemos, mas que comunicam e que se aderem ao rico vocabulário renovado diariamente.
 
O Centauro e as Amazonas é um conto extraído da releitura mitológica do mundo, em que seus personagens se caracterizam simbiontes, simbióticos e se transformam – assim como tantos outros na presente obra –, como seres primordiais, às vezes enigmáticos, que nunca deixam de estar presentes nesse imaginário fornecedor de matéria-prima literária ao autor. Muitos desses textos trazem a expressão poética em prosa, de reflexões sobre a vida, sobre o irreal, o ctônico, o presente e as vivências da mente imaginativa e criadora, por meio de cenários cosmogônicos no absoluto vazio da escuridão do “silêncio de princípio de mundo”, no dizer do escritor paraense Dalcídio Jurandir. São composições salutares que se firmam como esteios memoriais e criativos próprios para a construção literária de um Fernando Canto cingido pela luz do equador na linha imaginária que divide o mundo e cruza com o maior rio do mundo: o Amazonas, sempre cintilante e belo.
 
[Enzo Rúbio]